É um dos mais emblemáticos jogadores angolanos de todos os tempos. Miguel Lutonda encerrou em Malabo, Guiné-Equatorial, uma carreira de 26 anos ao serviço do basquetebol angolano.
Lutonda ganhou tudo o que havia para ganhar em Angola, entre clubes e seleção: dois campeonatos no ASA e nove no 1º de Agosto, oito Supertaças, cinco Taças de Angola e seis Taças dos Clubes Campeões Africanos. Na seleção, foi cinco vezes Campeão Africano com Angola, além de ter sido eleito em duas ocasiões como o Melhor Jogador Africano (2001 e 2003).
Um currículo invejável daquele que é carinhosamente tratado de “General”.
Mas a carreira de Lutonda não foi um percurso fácil. Nasceu em Luanda, no tempo da guerra, e entrou no basquetebol ao acaso, pelas mãos de um amigo da escola que, impressionado com a sua altura, insistiu para que ele fosse conhecer um treinador de basquetebol e tentasse a sua sorte na modalidade.
Em entrevista ao nosso Portal, o basquetebolista conta o quão atribulado foi o seu começo, onde chegou até a passar fome: «Estávamos em tempo de guerra, tinha de cumprir serviço militar… Cheguei a ter de treinar com botas militares porque não tinha dinheiro para comprar uns ténis… Os meus pais eram pobres…».
Antes de ingressar no 1º de Agosto, o jogador passou pelo Desportivo Nocal , Desportivo da Banca e ASA (Atlético Sport aviação) . «Tinha de andar a pé 20 quilómetros para ir aos treinos. Na Nocal, ia do Cruzeiro, onde vivia, e tinha de entrar pelos becos, por causa das rusgas. Alimentação era também um problema. Tantas vezes que apenas podia comer arroz com sal… Mas nunca desisti», contou Lutonda .
Lutonda conta ainda que o seu primeiro salário foram…cinco grades de cerveja, já com 18 anos, na Nocal. Vendeu tudo e comprou um par de sapatos e um colchão no mercado do Roque Santeiro.
Uma vitória na Taça dos Clubes Campeões Africanos seria uma bela forma de encerrar uma carreia de 26 anos dedicado ao basquetebol.




