Parece sair de
um filme esta nova conquista de uma equipa de investigadores do Canadá, que
alerta, no entanto, para o seu perigo
Os cientistas
acreditam ter encontrado uma forma de apagar as memórias dolorosas, o que teria
as mais variadas aplicações, desde a toxicodependência ao stress
pós-traumático.
Em ratos, as
recordações ligadas ao medo (neste caso um som associado a um choque elétrico)
puderam ser ligadas e desligadas com sucesso pela equipa de investigadores
canadianos, que conseguiram produzir grandes quantidades de uma proteína do
cérebro que assinala que neurónios estão a ser usados para formar uma memória
negativa. Removidos geneticamente esses neurónios, as memórias em causa eram
apagadas sem afetar as outras.
Apesar do
potencial uso benéfico no tratamento de vários traumas, os cientistas alertam
que a técnica tem "enormes" complicações éticas e perigos, como, por
exemplo, impedir-nos de aprender com os nossos erros.
A investigação
tem semelhanças com o filme O Despertar da Mente (Eternal Sunshine Of The
Spotless Mind, na versão original), com Kate Winslet e Jim Carrey, em que aos
protagonistas são removidas as memórias das relações negativas.
Esta é, aliás,
uma das preocupações manifestada por Sheena Josselyn, uma das autoras do
estudo, na reunião anual da American Association for the Advancement of Science
(AAAS) em Boston, EUA. "As nossas descobertas sugerem que um dia poderá
ser possível tratar pessoas com stress pós-traumático apagando essas memórias
traumáticas", afirmou, sublinhando, no entanto, as eventuais implicações
negativas, "sobretudo quando aplicadas a pessoas que querem ver-se livres
de uma 'má memória', como uma separação confusa".
"Todos
aprendemos com os nossos erros. Se apagarmos a memória dos nossos erros, o que
nos impedirá de os repetir", questiona.