Entrevista de Edson Emanuel da Conceição o Secretário Geral da AIIA ( Associação Industrial Itália-Angola) e Gestor de Produto da Absolute Blue)








Entrevista de Edson Emanuel da Conceição o Secretário Geral da AIIA ( Associação Industrial Itália-Angola) e Gestor de Produto da Absolute Blue)
 

 


Era um rapaz com apenas 16 anos, mas aquela viagem para Angola com o seu pai, abriu-lhe os horizontes e o coração.

“Percebi que um dia iria voltar para o meu  país apesar de não saber quando. Passaram-se  14 anos desde essa data, e eis-me aqui, com  ideias mais claras e instrumentos formidáveis ao meu dispor: a minha vontade, a minha experiência, o amor pelas minhas raízes e, a minha ambição e  crença no meu País.
Tentarei, no quanto me for possível, transmitir aos jovens adolescentes que não devemos esperar que alguém possa fazer algo por nós. Cada um de nós deve fazer qualquer coisa, por mais pequena que seja, será positivo para ti e para o teu país. Se cada um de nós fizer um pouco, em breve, todos juntos, faremos muito.”







Edson Emanuel Conceição do Amaral tem 30 anos e um desafio sobre os ombros: a vontade de dar ao seu país de origem, Angola, um pouco do que bebeu nos países aonde teve a sorte de viver. Quer, com humildade, transmitir aos seus irmãos a sua experiência e ajudar no que for possível para contribuir em algo positivo, como por exemplo trazer ao seu país, o know how de Itália em variadíssimos sectores, que poderão passar pelo campo da saúde, agricultura pesca, etc. Para isso, Edson fundou uma associação (AIIA – Associação Industrial Itália-Angola) na Europa, seu continente de adopção, com sede  em Itália mas também ativa em Portugal e França, que está a desenvolver projetos de cooperação entre entidades e empresas europeias altamente qualificadas e instituições públicas e privadas em Angola.

Porquê a vontade de dar continuidade a sua atividade de jovem empresário em Angola? 
Porque nasci em Luanda, no Bairro das Ingombotas, aos 10 de Junho de 1986, porque os meus pais são angolanos e ouvi muitas vezes a minha mãe dizer que gostaria de passar a velhice na sua cidade, Uíge, e porque este será o meu contributo para ajudar o meu país.

Saiu cedo de Angola?
Sim, tinha alguns meses apenas. Os meus pais precisavam de trabalhar e não conseguiam encontrar uma creche que lhes permitisse estar tranquilos enquanto trabalhavam. Assim, viram-se obrigados a mandar-me para o meu avó materno, que vivia em Lisboa. Apenas voltava nas férias.

Repentinamente, uma vida de globe-trotter: Portugal, Itália, Congo, Angola, Itália... Líbia.
Com 10 anos, já falava Português, Francês, Inglês, Italiano e Árabe. Mais tarde, também aprendi espanhol.
Aos 16 anos fui para Londres, estudar Gestão de Empresas. Sair de casa tão cedo, aguçou-me o espírito de observação e curiosidade, que me permitiu compreender os segredos das pessoas profissionalmente capazes que encontrei ao longo do meu percurso pessoal e profissional.
O meu primeiro emprego foi na lendária fábrica Mini-Bmw de Oxford. Depois de uma experiência como  vendedor na Universal Group, onde aprendi a compreender e dialogar com as pessoas, imediatamente percebi que tinha uma forte vocação comercial. Os números falavam claramente e  num curto período de tempo passei a participar ativamente  no crescimento de um grupo que foi depois cotado em bolsa, com resultados extraordinários. Foi muito interessante ver como em menos de um ano, uma micro estrutura conquistou todo o mercado, beneficiando de uma alteração de leis. Era o período  da privatização energética Inglesa. O timming foi perfeito.

Em seguida volta a Itália? 
Sim, em 2008, Itália estava em crise e depois de muitos trabalhos temporários, consegui encontrar  trabalho  no grupo da marca Mercedes Benz. E com ajuda das línguas e  vocação  comercial, tornámo-nos rapidamente a melhor estrutura da Mercedes em Itália, na qual ganhei todos os prémios de “melhor funcionário e satisfação do cliente” por 2 anos consecutivos. Na mesma altura, o meu escritório alcança resultados e padrões dificilmente igualáveis. Tanto assim foi que, os nossos sistemas foram na altura aprovados em todo o território italiano e hoje, é o grupo líder absoluto em toda a Itália. Não era, ainda assim,  suficiente para mim. Não era o dinheiro que realmente me interessava, eu precisava sim, de uma direção que pudesse aliar  os negócios e o meu coração. Fiz nova viagem a Angola e compreendi melhor o que eu queria. Iniciei uma atividade de internacionalização com uma empresa de construção em Itália. Mas mesmo esta, era uma resposta parcial. Sentia que faltava algo.
Quando e como nasceu a AIIA? 
Em 2015, à margem da Expo de Milão, conseguimos juntar na mesma mesa, o Ministro da Saúde Angolano e Italiano e, conseguimos que assinassem um memorando de entendimento para um acordo de colaboração de forma a levar para Angola, o Know-How italiano no domínio da saúde pública. E assim nasceu a AIIA. Juntámos empresas italianas altamente especializadas no sector da saúde, instituições públicas como universidades, centros de investigação, gestores especialistas em relações internacionais,  empresas de comunicação e finanças...
Em resumo, a AIIA tornou-se num  ponto de referência para todos aqueles que, em Itália, queiram fazer negócios socialmente úteis em Angola.


Imagino que para além dos conhecimentos em Itália, será igualmente privilegiada a sua rede de conhecimentos em Angola...
Obviamente que para promover uma relação entre duas partes, há uma enorme necessidade de ter conhecimentos a vários níveis. Mas não tenho qualquer interesse em debater  lobbies devido à minha amizade com um ministro ou um reitor da universidade X ou Y. Interessa-me aqueles que sentem entusiasmo e vontade real de fazer. Durante estes anos, temos envidado esforços, para dar a conhecer os nossos projetos e hoje, em Angola, sabemos que podemos contar com uma grande aceitação pela nossa iniciativa, por parte de bancos, associações empresariais e instituições para o desenvolvimento económico e, por último mas não menos importante, instituições governamentais.
A AIIA só actua no campo da saúde?
Em Angola já muito foi feito mas penso humildemente que podemos dar o nosso contributo no que respeita à formação do pessoal,  hospitais, medicamentos e vacinas (basta pensar na luta contra a malária). Mas este é apenas, um dos sectores de intervenção da AIIA.

E quais são os outros campos de atuação?
Agricultura, pesca, infraestruturas, indústria e cultura.

Cultura? Pode-se fazer negócios com a cultura? 
A cultura é a base para o desenvolvimento de todos os povos e desenvolvimento significa melhores condições de vida. Penso, por exemplo no turismo,  na exploração do território angolano, as suas belas praias, reservas naturais com os seus importantes animais. O património artístico, a riqueza étnica. Não é cultura tudo isto? Pensemos no que estão os Emirados Árabes Unidos a fazer...
Após a crise do petróleo, têm direcionado muitos dos seus investimentos para o  turismo e isso significou infraestruturas, estradas, edifícios e caminhos-de-ferro. Se o fazem ali, com o modesto património natural que têm, imagine o quanto será possível fazer no nosso próprio país.

Tem também um papel importante na empresa Absolute Blue, que organiza várias atividades em parceria com o Festival de Cinema de Cannes, a Liga dos Campeões e não só ... É possível fazer cultura também com o cinema ou com o futebol?
É possível fazer negócios e cultura ao mesmo tempo. É possível levar os melhores atores à Red Carpet ou os melhores futebolistas ao tapete verde e garantir que existem centenas de milhões de pessoas que os seguem, que se apaixonam, que os imitam, vestindo as suas camisolas ou que repitam frases de filmes. Ao criar este consenso está-se a desenvolver em conjunto entretenimento e negócios. Que depois tudo isto se torne uma cultura de massas é automático e, fundamentalmente, podemos em seguida difundir os nossos costumes e ajudar a dar a conhecer ao mundo os nosso escritores, pintores, cantores, atores, humoristas, estilistas e muitos outros fazedores ou criadores de arte.

Mas de que forma pode Angola beneficiar com o negócio do Festival de Cinema de Cannes ou com a Liga dos Campeões?
São fenómenos globais e portanto dizem respeito a todos nós. A publicidade ou a presença de uma empresa nos mecanismos dos nossos eventos, catapulta qualquer que seja a realidade empresarial no mercado mundial. É claro que se estiver ligado a marcas como a Dior, Chanel, BMW, HP, MASTERCARD, Swarovski, a visibilidade será uma loucura e permite dar um salto quantitativo verdadeiramente elevado. Em relação aos negócios, falamos sempre com clareza.
Na Absolute Blue criamos condições de Brand Activation com atividades de marketing estratégico. Eu sou o diretor de produção e o meu papel é selecionar os parceiros e analisar com os clientes mais exclusivos, as melhores formas de cooperação com a Absolute Blue e com os outros parceiros.
A experiência do fundador e colega, o senhor Patrick Nassogne, permite maximizar resultados. Se funciona em Cannes desde o primeiro ano em que constituímos a parceria e se excluirmos a componente humana de gestão interna dos parceiros, o sucesso das atividades que nos propusemos é praticamente garantido. O facto de um jovem empresário angolano poder ser inserido nesses mecanismos bilaterais como a AIIA, ou globais, como a Liga dos Campeões, tem tudo para ser o ideal para toda realidade angolana.
Como Absolute Blue, somos ainda, os únicos a dispor de um número tão importante de pacotes VIPS. Este ano, por exemplo, o BNI (Banco de Negócios Internacional), tem disponibilidade exclusiva em Angola para a venda de 80 passes VIPS (pacotes para 2 pessoas) para as pessoas terem acesso a experiência, através da Mastercard, da 70ª Edição do Festival de Cannes.
Daremos uma experiência inesquecível a todos os prestigiosos convidados VIPS que estarão presentes neste importante evento que marca o 70º aniversário do Festival de Cannes.

Sempre que se refere a Angola, fá-lo como o "Meu país" mas é italiano, português ou angolano? 
Eu sou um cidadão do mundo, independentemente da minha nacionalidade. Mas sinto uma forte ligação a Angola porque foi onde nasci, porque os meus pais são angolanos, porque quando aterro em Luanda sinto um aperto no coração e quando vou embora, sinto de imediato, uma enorme saudade. E, por isso, no que me for possível fazer de bom,  através da minha atividade, será o meu presente para o meu país.

Edson Emanuel da Conceição
(SECRETÁRIO GERAL DA AIIA & GESTOR DE PRODUTO DA ABSOLUTE BLUE)

Associação Industrial Itália Angola AIIA 

É uma organização sem fins lucrativos, fundada em 2015, com o objetivo de ser a primeira organização italo-Angolana, dedicada a fomentar o desenvolvimento das relações entre os dois países e promover a cooperação económica, ambiental e social em diversos sectores, e ainda, o desenvolvimento do sistema produtivo. 

AIIA desenvolve a sua atividade através da ativação de programas de intervenção bilateral, apresentação de projetos de apoio ao desenvolvimento local sustentável e diversificação da economia angolana;
Ações de comunicação e transferência de conhecimentos e inovação;
Atividades de coordenação para angariação de fontes de financiamento internacionais e locais. 


A Inovação estrutural e o desenvolvimento social, estão na base dos objetivos do Comité Técnico/Científico da AIIA (COTES), formada por profissionais reconhecidos, peritos do universo científico, académico e empresarial Italianos e Angolanos. O COTES opera no âmbito de programas de intervenção como forma de garantia a membros, parceiros e partes interessadas da AIIA, por forma a obter o máximo de transparência dos projetos, partilha mútua de objetivos , coordenação e apoio sobre metodologias e medidas a colocar em prática, com o propósito de se atingir, em absoluto, os objetivos estabelecidos. 

Angola e Itália partilham interesses e objetivos socioeconómicos, como foi aliás, possível testemunhar no recente encontro em Itália entre o Presidente da República Sergio Mattarella e o Presidente José Eduardo dos Santos. 
Só em 2015, o valor das exportações para Itália, atingiu os 876 milhões de euros. A importação fixou-se nos 260 milhões, com uma estimativa de crescimento de 3,5% ao longo dos próximos três anos. Uma balança comercial que se destaca pela complementaridade, sinergias e potencialidades de desenvolvimento nas relações entre os dois países.


Absolute Blue

A Absolute Blue é uma empresa que a 20 anos desenvolve projetos e eventos mundiais, muitas vezes com finalidades sociais. No decorrer destes anos, obteve 28 prémios internacionais no sector de branding activiation, ou seja, ativação de marcas.


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