
Logo após o anúncio da escolha de António Guterres pelo Conselho de Segurança, em 5 de outubro, sucederam-se as congratulações de todos os quadrantes políticos ao ex-governante português.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que telefonou a Guterres pouco depois da votação do Conselho de Segurança, declarou que "é o melhor a ser escolhido."
"Tudo indica que vamos ter a pessoa certa no lugar certo", comentou o primeiro-ministro, António Costa.
No dia seguinte, feita, em Lisboa, a primeira declaração pública de António Guterres já como indigitado para o cargo, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, confessava estar "mais emocionado que o próprio", mas deixava claro que "Portugal não espera favores do secretário-geral das Nações Unidas".
Dentro do Partido Socialista, difícil é encontrar quem não tenha comentado -- desde logo os anteriores secretários-gerais do partido, António José Seguro e José Sócrates. Também Ferro Rodrigues, atual presidente da Assembleia da República, considerou que Guterres será um secretário-geral da ONU "à altura da complexidade dos problemas do mundo atual".
O consenso foi geral no Parlamento, onde os deputados interromperam os trabalhos para aplaudir de pé a aclamação de Guterres no Conselho de Segurança.
Pelo Bloco de Esquerda, parceiro do Governo liderado pelo PS, Catarina Martins congratulou-se com a "boa notícia", enquanto o PCP, também parceiro do Governo, foi mais cauteloso e aproveitou para pedir a Guterres que contrarie a "instrumentalização" das Nações Unidas.
À direita, o líder do PSD e ex-primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, falou num "dia histórico para Portugal", sublinhando o papel que sucessivos governos e a diplomacia desempenharam no processo.
O também social-democrata Carlos Moedas, atual comissário europeu, felicitou "um dos homens mais impressionantes" que já conheceu.
A presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, elogiou o "mérito" do percurso de Guterres.
Se havia quem tivesse opinião contrária, não a fez saber após a votação do Conselho de Segurança. Nem mesmo Mário David, que a Lusa tentou contactar, sem sucesso, para ouvir a reação do eurodeputado português, eleito pelo PSD, que manifestou apoio, ainda durante a corrida ao cargo, à comissária europeia Kristalina Georgieva.
Os ex-Presidentes Cavaco Silva e Jorge Sampaio não esconderam o "orgulho" pelo feito de Guterres, confirmado por Freitas do Amaral - até agora o português que ocupou o lugar de maior destaque nas Nações Unidas, enquanto presidente da Assembleia Geral - que antecipou um mandato "melhor do que os três últimos secretários-gerais".
As reações não se ficaram pela política e Guterres até uniu trabalhadores e patrões, com a Confederação Empresarial de Portugal a felicitar a "vitória da diplomacia" e a central sindical CGTP a alertar para a necessidade de "um empenhado compromisso na defesa dos princípios" das Nações Unidas.
O cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, disse não ter dúvidas de que a comunidade internacional "ficará em boas mãos" e o Serviço Jesuíta aos Refugiados apoiou a escolha de quem "conhece em profundidade o problema dos refugiados no mundo".
A Plataforma Portuguesa das Organizações Não Governamentais para o Desenvolvimento deposita "enorme esperança" no "perfil dialogante" do ex-Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, enquanto a secção portuguesa da Amnistia Internacional referiu os "inúmeros e enormes desafios" que o esperam.