O lobista norte-americano que fez do já falecido líder da UNITA, Jonas Savimbi, um combatente da liberdade, é o mesmo que está a liderar a campanha presidencial de Donald Trump.
O que têm em comum Donald Trump e Jonas Savimbi? A resposta é: o mesmo lobista, Paul Manafort. O norte-americano, que em 1985 foi recrutado para mudar a imagem do já falecido líder da UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola), é o mais recente responsável pela campanha eleitoral de Donald Trump à Casa Branca.
Em 1985, a UNITA e o seu líder, Jonas Savimbi, procuraram Paul Manafort para mudar a sua imagem perante a opinião pública. A estratégia passou por transformar o cariz ideológico da UNITA, deixando de ser um partido de inspiração maoísta para se transformar numa força política de cariz democrático, virada para o Ocidente, por contraposição ao MPLA (Movimento Popular para a Libertação de Angola), o partido ainda no poder em Angola, cujo principal apoio político era dado pela extinta União Soviética.
Jonas Savimbi foi morto a 22 de Fevereiro de 2002 na província do Moxico.
A empresa de Paul Manafort fez um contrato anual de 600 mil dólares com a UNITA e o lobista conseguiu mesmo que Jonas Savimbi fosse recebido pelo então presidente dos EUA, Ronald Reagan. Manafort abriu ainda as portas para que o líder da UNITA marcasse presença em eventos promovidos por instituições conservadoras norte-americanas, casos do Instituto de Empresas da América, Fundação Heritage e Casa da Liberdade, onde era apresentado como um combatente pela liberdade.
Nas décadas de 80 e 90 a UNITA, efectivamente, conheceu o seu auge de reconhecimento internacional e tinha representações em todas as capitais importantes, de Londres a Washington passando por Paris e, claro, em Lisboa. Representava os valores da democracia por oposição ao MPLA, o qual era colocado o rótulo de ser um país satélite comunista de Moscovo.